sábado, 22 de outubro de 2011

Queimando pureza

Cresci acreditando na pureza, no amor, na pureza do amor, e que a inocência era a cura de tudo. Uma substância perfeita que poderia lavar toda a sujeira de todas as almas, poderia lavar o sangue de nossos pecados e poderia me levar para longe. Para o sol ou para o céu.
A imagem de que um ser de pureza, deus ou aquela garota de vestido vermelho e cabelos dourados, iria me fazer inteiro de novo como uma vez eu sinto que já fui. Obcecado pela idéia de que uma vez tocado por aquela pureza novamente, um elixir mágico ou um gatilho dentro de mim acionaria uma alma há muito esquecida. Uma alma verdadeira, nunca alcançada.
Caminhei sobre peles suadas, cabelos molhados, gemidos e toques. Caminhei com sorrisos, lágrimas, taças de vinho e cigarros. Caminhei com ansiedade, seriedade, calma e passividade. Caminhei com todo o controle para fora do controle. E como todos que caminharam por essas ruas eu me perdi.
Eu me perdi nas estradas que transformamos da vida. Estradas que não levam a lugar algum. Caminhos para outros caminhos. Correndo em círculos, nadando para o vazio, flutuando até a lua. Perdendo cada vez mais a inocência. A própria busca consome a pureza.
E o puro está dentro do impuro, e há maldade na mais pura bondade. Não há algo chamado perfeição que não tenha sido construído, e imperfeito.
E que não há pureza total. Nenhum objetivo final. Nenhum plano maior.
Apenas uma aleatória, delicada e equilibrada dança de sentimentos e emoções. Onde os maiores êxtases e decepções ocorrem. Um mar, onde apesar das ondas, está tudo bem.

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