sábado, 29 de outubro de 2011

Ela me deixa livre

Ela me deixa livre.
Caminhando sobre os vales verdes sob a sua pele.
Ela me deixa explorar cada quilômetro de seu corpo.
Cada momento em sua mente, todas as cenas de sua memória.
Curvas estreitas e longos corredores.
Paisagens noturnas, florestas amaldiçoadas, castelos e dragões.
Passagens secretas e portas que estão sempre abertas.
Ela vê em meus olhos.
Essa vontade de estudar cada detalhe, essa admiração.
Ela me deixa lentamente caminhar para a sua vergonha.
Ela me deixa assistir suas cenas mais negras.
Seus desejos não revelados. Suas vontades irrealizadas.

Ela me deixa livre para ir, e eu vou.
Por quartos vazios, e cidades abandonadas.
Pelo deserto árido, pelo mais violento mar.
Descalço, sobre seus espinhos.
Nu, sobre sua flamejante alma.
Tomar de suas lágrimas, mergulhar em seu sangue.
Ela me deixa tocar onde dói.
Ver de perto onde é mais frágil.
Brincar com seu brinquedo favorito.

Ela me mostra todos os caminhos.
Cruzamentos e todas as luzes verdes da cidade.
Estradas sem limite de velocidade.
Ela olha em meus olhos e ela sabe.
Ela me deixa livre para ir.
E eu vou. Ela vê em mim. Ela sabe.
Que eu não vou correr não importa o que eu encontre.
Ela sabe que eu não vou fugir não importa o que eu encontre.


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