segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Estrada de água salgada

Para mim era mais fácil escrever quando eu achava tudo mais difícil, quando achava que a vida era difícil.
Sentar e escrever era minha terapia, onde eu vazava. Era onde eu jogava meus demônios, os encarava seus olhos e pulava no pescoço deles. Era onde eu podia descansar a minha cabeça e relaxar nos braços de quem quisesse depois de um dia cansativo. Hoje, por algum motivo, as coisas se inverteram. Viver se tornou fácil, uma tarefa leve e limpa. E é aqui sentado  que eu sofro para extrair palavras.
Uma prova de que as coisas mudaram.
Me sinto como se jogado no mar, dançando conforme as ondas mandam, mudando sempre de direção, tomando outros rumos e indo para lugar algum. Às vezes tentando inutilmente ir contra as correntes para lugares que acha mais seguros.Mas não há lugares seguros no mar.
Aquela estrada sempre reta à frente DEVE ser trilhada. Não há escolha.
Ela sempre vai estar cheia de pessoas interessantes e caminhos se cruzando. Algumas farão companhia até o fim, algumas entrarão e sairão como se nunca tivessem estado lá, outras continuarão caminhos que você abandonou, outras você abandonará e é assim que se segue.
Caminho tranquilamente com as mãos no bolso cantando uma canção. Nado para frente sorrindo para os que passam. Aos que querem apostar corrida digo "Não, obrigado!", aos que querem carona digo "Por favor, entre!" e vou aplicar essa fórmula até o mar deixar.
Pois o mar muda tudo, e depois do horizonte a estrada é desconhecida.
Mas a cada passo dado me sinto mais em casa.

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